Workshop – Masterclass – Cursos
Q&A com Scott Henderson e show do HBC
Artista: Scott Henderson e HBC Trio (Henderson, Berlin & Chambers).
Scott Henderson – Guitarrista de fusion e blues, tem uma abordagem melódica nos arranjos com a banda e sua principal característica é a singularidade na interpretação com o uso da alavanca e mudanças na direção da melodia. Tem além da carreira solo um projeto com o baixista Gary Willis, o “Tribal Tech” com 10 albuns lançados e 30 anos de estrada. Entre outros trabalhos estão “Vital Tech Tones” com o baterista Steve Smith e o baixista Victor Wooten, “Chick Corea Elektric Band” com o tecladista Chick Corea, “Zawinul Syndicate” com o tecladista Joe Zawinul e parcerias com Jean-Luc Ponty, Tom Coster, Virgil Donati e o super trio HBC.
Dennis Chambers – Baterista de fusion, jazz, blues e pop, considerado como um dos melhores bateristas do mundo. Tocou com Carlos Santana, Mike Stern, John Scofield, John McLaughlin, Funkadelic, Greg Howe, Brecker Brothers, Tony MacAlpine entre outros.
Jeff Berlin – Baixista de jazz e fusion que imprime com suas linhas de baixo uma característica inusitada que lhe confere uma sonoridade única. Além da sua carreira solo e do Players School of Music, o qual é o idealizador e proprietário, já tocou com Bill Bruford, David Matthews, George Benson, Al Di Meola e recusou uma oferta para ser o baixista do Van Halen.
Dia: 09/10/2013
Local: Shaka Zulu – Camden – Londres
Antes do show tivemos a oportunidade de assistir um Q&A (Question & Answer) com o Scott Henderson, falando um pouco sobre a sua carreira musical, os projetos dos quais fez parte, a sua abordagem para improvisar o sobre o trio HBC.
Sua primeira gravação em estúdio foi no album solo debut do Jeff Berlin e a relação entre os dois se mantém até hoje. O Scott Henderson considera essa uma das suas interações musicais mais sólidas e o diálogo durante os improvisos do show é o reflexo disso.
Quando o Jeff Berlin o convidou para montar esse trio com o Dennis Chambers a principal condição imposta pelo guitarrista foi que não poderia ser um trabalho autoral, mas de versões de músicas que todos gostassem de tocar. Dessa forma poderiam fazer o que curtem mais que é improvisar e criar momentos únicos em cada show.
A escolha do repertório teve que se enquadrar ao estilo de cada um. Como o Scott Henderson é um guitarrista de solos e não costuma usar tanto Chord Melody, optaram por temas com melodias bem definidas. Nas gravações em estúdio foram usados vários overdubs de guitarra para tentar se aproximar dos arranjos originais, mas ao vivo boa parte da estrutura harmônica veio da levada do baixo.
O Scott Henderson ainda falou da forma com que encara cada apresentação, que procura se divertir e criar e que evita mostrar técnica ou provar a sua musicalidade. Tudo é consequência do momento e essa incerteza do que irá acontecer é o que faz todo o processo ser interessante.
Ao ser perguntado como era tocar com o Dennis Chambers afirmou com um sorriso no rosto – “Me considero o mais fraco dessa banda. É muito bom tocar com músicos tão incríveis e tentar entender um pouco do que fazem. Nem sempre acerto, mas isso faz parte desse processo. O Dennis Chambers tem um controle rítmico e é único no mundo, o Jeff Berlin é um virtuoso e eu corro atrás.
Algumas frases do Scott Henderson:
- Pra tocar preciso estar me divertindo, isso reflete na música que estou fazendo e faz com que o público se divirta também.
- As vezes tocando com o Dennis Chambers não consigo sentir nem o tempo 1 da pulsação. Fico batendo o pé e olhando para o Jeff Berlin, ao menos se estivermos errados, estaremos juntos. No final o Dennis Chambers sempre olha com um sorriso e diz sim ou não.
- Fazer download gratuíto de um album deve ser como assistir um trailer de um filme. Se você curtiu apoie o trabalho do artista comprando o cd.
- Vocês precisam vir para shows ao vivo, a emoção e o momento são únicos e nada disso pode ser apreciado de um video.
- Acho que acabei de estourar um falante, então nessa linda balada que iremos tocar agora, a distorção não é proposital.
Review do show:
No repertório grandes temas clássicos como “The Chicken” do Jaco Pastorius, “D Flat Waltz” do Weather Report e “Come Together” dos Beatles. A apresentação teve uma cara mais intimista com poucas pessoas na platéia (em torno de 50) e a qualidade do som estava excelente. Parte disso foi atribuido a simplicidade do som em trio e pela boa difusão sonora provocada pelas irregularidades das paredes esculpidas em madeira.
O Scott Henderson usou a sua signature guitar projetada pela Suhr com captadores single que segundo ele soam maiores e mais abertos dos que os antigos humbuckers que costumava usar com o Tribal Tech. Um cabeçote Marshall DSL valvulado plugado numa caixa Marshall 4 X 12 alinhada com ele no palco e outra caixa 4 X 12 mais pro canto virada para trás. Segundo ele dessa forma ele reduz o som estridente, ganha corpo e profundidade e muito mais sustain. De efeitos usou uma ambiência com delay e um eventual wah-wah ou pitch shifter.
A maioria das músicas teve a mesma abordagem, a execução do tema e depois improvisos de cada um do trio. Primeiro a guitarra seguida do baixo e finalmente a bateria. Algumas músicas transitavam para o desconhecido, era o momento, o que surgia resultado da interação desses três grandes músicos.
O último solo de bateria do Dennis Chambers foi na música “The Chicken” e o duo de guitarra e baixo precisava marcar as convenções finais, a cada girada da harmonia. O baterista foi deslocando o tempo e a cada passada incluia uma poliritmia diferente e ia quebrando cada vez mais. O primeiro a cair e desistir de tocar foi o Scott Henderson que ficou acompanhando rindo do Jeff Berlin, que tentou até o final acompanhar o solo. A tentativa foi em vão pois nenhuma das suas convenções foi no tempo para o contentamento do baterista que se divertia com o esforço do baixista.
A impressão geral do show não poderia ser melhor. Foram 3 músicos de alta qualidade fazendo o que fazem melhor, que é tocar de forma solta, improvisar de forma inteligente e interagir para criar um resultado único.
Abaixo um video com um pedaço do solo de guitarra em “The Chicken”:
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Masterclass do Lee Ritenour
Artista: Lee Ritenour, guitarrista de jazz, fusion e outros estilos como rock e funky. Gravou mais de 40 albuns com 35 músicas atingindo o chart e foi ganhador do prêmio Grammy. Já tocou com grandes nomes da música como Dave Weckl, John Patitucci, Larry Carlton e os brasileiros Ivan Lins e Djavan.
Dia: 27/07/2013
Local: Ronnie Scott’s – Londres
Fui hoje assistir o masterclass desse grande guitarrista que é o Lee Ritenour no Ronnie Scott’s, aqui em Londres. Sempre muito simpático e de fácil acesso, respondeu as perguntas da platéia, contou histórias engraçadas sobre os bastidores da música, falou de composição, técnica e estudo de guitarra. Como ele irá tocar essa noite na venue todo seu equipamento de palco estava montado, com os amps, guitarras, violão e pedais.
Ele usa uma configuração interessante com 3 amplificadores, 2 Fender ligados em stereo, um em cada lado recebendo o sinal da guitarra com os efeitos como reverb e delay. E no meio um Mesa Boogie (normalmente ele usa um Road King, mas hoje estava usando um Dual Rectifier), com o sinal seco da guitarra. Dessa forma ele pode mixar o timbre da guitarra trazendo mais pra frente ou não dependendo da acústica do local. Ele falou que gosta de usar o Mesa para o som seco pois o amp tem alto headroom entregando um timbre bem limpo.
Falou também que as duas coisas mais importantes para um músico são o ouvido, pois com ele você acha soluções rápidas, e o coração, que lhe permite expressar a forma que sente a música. E apontou a importância de estudar as teorias da música, como arranjo, composição e harmonia como forma de achar caminhos que o ouvido não fornece (a não ser que você seja o proximo Wes Montgomery, Jimi Hendrix ou Steve Ray Vaughan, pelas palavras do proprio Lee).
Algumas frases do Lee Ritenour:
- Não adianta você saber tocar os melhores licks de guitarra se não consegue tocá-los no tempo.
- É fundamental saber o nome das notas no braço da guitarra para achar caminhos durante a improvisação.
- Costumo compor de várias formas, as vezes gravo meia hora de improviso, coloco no meu mp3 player e vou andar de bicicleta para escutar e achar ao menos 1 compasso que preste.
- Sou endorser das palhetas D’Andrea a mais de 40 anos. Um dia fiz um pedido de 5 pacotes para levar em uma turnê e recebi a conta. A empresa tinha sido vendida e não sabiam quem eu era.
- Costumo montar minhas músicas no Logic com bateria, baixo e os demais instrumentos. Logo antes de uma gravação recebi o telefonema do Dave Weckl me perguntando sobre as 2 linhas de Chimbau. Falei que era só uma guia para dar uma idéia, para que ele não ligasse para as linhas impossíveis. No dia da gravação o Dave apareceu com 2 Chimbau e gravou tocando as 2 linhas.
Fica um video da carreira solo do Lee Ritenour, observe a disposição dos amps:
Website do artista, clique aqui.
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