Banda de bar
Tocar em bandas de bar é uma alternativa profissional interessante mas na maioria das vezes se torna um complemento financeiro e não a principal fonte de renda do músico. Existe fortemente prós e contras que listo abaixo:
Prós…
- Poder tocar ao vivo com bastante frequência o que serve como mostruário da capacidade individual e atrai outras oportunidades, como alunos, outras bandas, outros trabalhos.
- Experiência de palco aprendendo a lidar com ambientes e situações controvérsas.
- Ampliar o repertório e tocar músicas ou estilos que normalmente não vivenciaria.
- Espaço para desenvolver a capacidade de improvisar.
- Dominar a dinâmica do repertório e se adequar a situação.
- Retorno financeiro.
Contras…
- Tocar muitas vezes em condições de espaço e som inadequados.
- Tocar tarde da noite em ambiente com muita poluição sonora e ar carregado.
- Tocando por covert artístico pode, muitas vezes, não ter retorno financeiro.
- Lidar com donos de estabelecimentos que em alguns casos são pessoas trambiqueiras.
- Tocar alguns repertórios que acrescentam muito pouco musicalmente.
- Tocar para público desinteressado.
Muitos podem ser os erros de quem está começando a tocar em bares e formando a primeira banda. Por isso é fundamental uma estratégia de mercado e uma boa logística.
1 – Defina a região onde a banda vai atuar e faça uma pesquisa de mercado.
- Existem bares na região e são suficientes? Se você planeja tocar apenas na sua cidade deve verificar se o mercado não está saturado com bandas demais em fila de espera.
- Qual o tipo de repertório tocado nesses bares? Uma banda de bar é diferente de uma banda de baile pois ela possui uma identidade musical. Então deve-se avaliar se os bares da região comportam o estilo da banda.
- Qual a faixa e condições de cachê? Isso é determinante pois o saldo cachê X gastos precisa ser positivo.
- Pesquise bandas que atuam na mesma parte do mercado que a sua banda pretende atuar e faça uma avaliação estimada do desempenho dessa “concorrência”. Existe oferta de mercado para comportar mais uma banda?
- Faça um levantamento com os donos de bares. Estão contratando? Precisam de mais bandas?
2 – Escolha o repertório. É fundamental observar alguns parâmetros:
- Uma banda de bar tem que ter ao menos 40 músicas. O ideal é dobrar esse número.
- É bom ter no repertório algumas músicas coringa, diferentes das outras e que possam criar um momento diferente no show.
- É bom ter músicas que estão em alta.
- Apesar de algumas música serem clichês obrigatórios, evitar tocar o que todo mundo toca.
- Se adequar ao ambiente que planeja desempenhar.
- Uma idéia é fazer ao menos um medley com vários hits.
- Evitar músicas que requisitem complexidade estrutural. Por exemplo usar um instrumento exclusivo para a música (claro, isso é flexível).
- Não tenha medo de experimentar, as vezes uma música que não tem potencial acaba surpreendendo ao vivo.
- Avalie o repertório sempre, removendo as músicas que não estão funcionando, incluindo hits novos e se adaptando as mudanças sazonais.
- Faça versões entregando a cara da banda e dando identidade.
3 – Escolha do casting musical. Essa pode ser a parte mais complexa pois você estará lidando com o imprevisível – o ser humano:
- Opte por pessoas que trabalhem profissionalmente com música e que precisem viver dela.
- Escolha músicos que tenham experiência e uma boa desenvoltura técnico-musical.
- Evite os músicos que consumam substâncias ilícitas.
- Procure saber do histórico e da postura profissional.
- Coloque a estratégia da banda e verifique se o músico concorda e se adequa.
- Trabalhe com pessoas entusiasmadas, com energia e que tenham objetivos concretos e claros. Que sejam verdadeiros profissionais da música e que sejam confiáveis, responsáveis e que contribuam com dinâmica.
- Evite tocar com músicos que tenham muitos projetos pois você nunca conseguirá uma participação integral.
4 – Ensaios. A frequência, o tipo de ensaio, local, etc… deverá ser definido na estratégia da banda. É muito comum uma banda de bar ensaiar ao vivo, mas para músicos menos experientes isso pode ser arriscado. Claro, a informalidade do ambiente de bar faz com que ensaios de performance sejam desnecessários, mas isso não impede que os arranjos musicais possam ser planejados.
5 – Divulgação. Deve-se ter material para demonstração e usar todo o tipo de mídia, se enquadrar no momento, na realidade. De que forma?
- Gravando pelo menos 3 ou 4 músicas que registrem o som da banda.
- Tendo vídeos de outros shows mostrando a performance e a resposta do público.
- Escrever um release que apresente em poucas palavras a banda, o repertório, as conquistas profissionais, com foto e referências.
- Estar linkado em páginas socias da mídia como webpage, Facebook, Twitter, Orkut, Myspace, etc…
- Construindo uma base de fãs que ajudem na divulgação e propagação do som da banda.
6 – Fechando shows. Procure saber quem e como abordar e faça de forma profissional levando o material ideal e se portando de forma coerente. Tente fechar negócio por um preço que julgue justo para ambas as partes e não toque de graça, isso só puxa o mercado pra baixo. Encare a realidade da situação e evite estrelismos, uma banda desconhecida pode ser muito boa, mas só terá espaço com o reconhecimento.
7 – Postura ética-profissional na hora de exercer o trabalho:
- Evite atrasos e desrespeito com os horários.
- Se adeque as regras da casa.
- Não toque alto demais, o conforto do público exige a compatibilidade sonora com o ambiente.
- Não misture pendências profissionais com o show.
- Entenda que seu cliente é o público na sua frente e ele precisa ser respeitado e motivado.
- Não misture álcool e trabalho, deixe o lazer para depois.
8 – Peformance, visual, marca: Bandas que fizeram sucesso são aquelas que criaram uma identidade visual, mesmo que seja uma banda de bar. Ter a roupa e o cenário certos, saber se movimentar e agitar a platéia, ter um logo e design é fundamental para criar a personalidade da banda.
9 – Renovação: todos os tópicos anteriores devem ser sempre revistos, pois uma banda que não se adequa a sua realidade acaba não sobrevivendo. Ir sempre em busca de lugares diferentes para tocar, renovar o repertório, trocar o visual, criar dinamismo e mostrar que está sempre em movimento, evoluindo e indo longe.
10 – Balanço: Uma banda é uma empresa e uma empresa que não se paga, não sobrevive. Deve-se fazer todo o cálculo de despesas X lucros e adequar a estratégia de acordo com o resultado. O que é…
Despesas:
- Tempo, e isso inclui tirar músicas, ensaiar, se deslocar, tempo para realizar todas as atividades relacionadas a banda.
- Quanto custa para se deslocar pro show, para os ensaios, para fechar os shows, etc…?
- Alimentação enquanto estiver exercendo a atividade.
- Desgaste do equipamento.
- Acessórios descartáveis, como cordas, baquetas, peles de bateria.
- Material gráfico.
- Gravação das músicas de demonstração, do video.
- Elaboração dos sites.
- Roupas, palco.
Lucro:
- Cachê do show.
- Reconhecimento.
- Alunos em potencial.
- Ofertas de trabalho.
- Prazer de tocar ao vivo e ser valorizado.
Para aquilo que pode ser medido a matemática é simples.
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