Timbrando a Guitarra – Parte 2 – Sustain
Introdução: Um dos atributos mais comuns para definir o timbre da guitarra é o sustain. Os guitarristas constantemente buscam situações e equipamentos que promovam uma boa sustentação da nota, trazendo corpo pro fraseado e facilitando a tocabilidade. Mas o que é sustain, como ele é manipulado e que diferença prática pode fazer no conjunto do som? Vamos responder essas questões por partes.
A conscientização do problema: Com poucos meses de prática na guitarra logo o desejo de tocar numa banda e fazer shows é despertado no guitarrista. Sua confiança vai crescendo quando percebe que consegue tocar algumas músicas sem parar, fazer um solo parecido com a gravação original e fluir de forma espontânea e natural. É quando começamos a curtir tocar guitarra, quando o esforço inicial é recompensado pelo entusiasmo da execução quase perfeita.
Logo saimos do conforto e segurança do ambiente de estudo e vamos nos aventurar em salas de ensaio (ou garagens), palcos de shows e qualquer outro lugar onde somos permitidos tocar. Rapidamente percebemos que a nossa guitarra mudou, está soando diferente. As notas parecem engasgadas e fracas, estão extremamente agudas e estridentes. Ou o contrário, parecem abafadas e sem definição, muito emboladas. Que estranho, o equipamento é o mesmo, a regulagem a mesma, então o que mudou?
Uma série de fatores que interferem no som de forma direta ou indireta que, quando não temos a consciência da forma que atuam se tornam muito difíceis de serem controlados.
Quais são esses fatores? Na sua maioria estão relacionados com a qualidade do equipamento, a forma em que é utilizado, a mão do guitarrista e a sua interação com o meio (ambiente, acústica, outros instrumentos).
Vou fazer uma comparação entre 3 situações pra ilustrar a mudança de fatores:
Situação 1: Sala de estudo em casa.
- Tamanho da sala: Normalmente o ambiente que usamos para estudar guitarra é pequeno ou medio, geralmente escolhido por disponibilidade e para um bom aproveitamente do espaço. É comum ser o mesmo quarto em que dormimos ou escritorio de trabalho.
- Acústica da sala: Não tem muita reverberação (eco difuso) e o som que retorna volta rapidamente. Ele tem um bom espalhamento (difusão sonora) pois reflete e rebate nas irregularidades do ambiente como armários, cama, cadeiras, mesas, computador, etc… Não existe um excesso sonoro pois parte dele é absorvido pela mobília.
- Volume da guitarra: Tocamos baixo para suportar longas jornadas de estudo sem cansar o ouvido. Dessa forma evitamos sobrecarregar o ambiente com excesso de som. O amplificador funciona longe do seu limite, o alto falante move sutilmente, as válvulas de amplificação distorcem pouco.
- Interação com outras fontes sonoras: É mínima pois geralmente estudamos num quarto silencioso. A interação existe quando tocamos junto com gravações originais ou backing tracks. Dessa forma o sinal da guitarra não sofre influência comparativa com outros instrumentos.
- Pegada (execução) do guitarrista: Tocamos mais leve pois o leque dinâmico é mais alto. É fácil criar oscilações no volume e interpretar de forma natural.
- Como soa a guitarra: é a nossa referência, é o som pelo qual estamos acostumados. Reflete em parte o nosso gosto timbrístico e tem a resposta natural. É quando literalmente nos sentimos em casa.
Situação 2: Ao vivo com banda e sonorização num palco ao ar livre.
- Tamanho da sala: Como é ao ar livre não existem paredes.
- Acústica da sala: Praticamente inexiste pois as superfícies para reflexão das ondas sonoras são bastante reduzidas. O som se propaga numa única direção, o da sua emissão, e raramente volta. O volume sonoro parece ter perdido a sua intensidade pois caminha de forma restrita, sem grandes abrangências. A monitoração dos outros instrumentos é feita via caixas de retorno e a mixagem depende do que é enviado para a via.
- Volume da guitarra: Alto, é quando trabalhamos o amplificador e sistemas proximos do limite. O alto falante move-se bruscamente empurrando bastante ar, as válvulas trabalham no limite saturando a saída.
- Interação com outras fontes sonoras: A mixagem alta dos instrumentos no palco dificulta o entendimento pleno dos timbres e a audição completa do arranjo. É difícil ter um equilíbrio entre todas as peças da banda e muitas frequências sonoras entram em conflito. Se a guitarra tiver uma equalização muito grave se confunde com o baixo, se for muito aguda se confunde com a caixa e pratos da bateria.
- Pegada (execução) do guitarrista: é normal tocar com maior intensidade por inúmeros motivos como deficiência no retorno, nervosismo, ansiedade, adrenalina, desconforto com a situação e estranhamento do timbre. A posição também interfere no desempenho pois tocamos em pé quando geralmente estudamos sentados. Outra coisa que influencia é a performance do show, quando temos que interagir com o público, se mover no palco, se comunicar com os outros membros da banda.
- Como soa a guitarra: a probabilidade de perder sustain é grande pois existem poucos fatores que realimentem o sinal da guitarra. O que foi timbrado usando como referência apenas a sala de estudo não irá funcionar nessa situação pois as condições mudaram drasticamente. Perdemos ambiência, perdemos frequências, perdemos punch e muitas das características das quais estavamos acostumados. O timbre duro e estranho aliado com as condições psicológicas da execução ao vivo culminam numa execução engasgada, falta de sincronia entre as mãos e um desempenho inferior.
Situação 3: Ao vivo com banda com sonorização num ginásio.
- Tamanho da sala: bastante grande, um dos maiores ambientes fechados disponíveis.
- Acústica da sala: uma das piores possíveis pois a maioria dos ginásios não tem preparo acústico. As paredes são paralelas e quase não existe absorção sonora, ainda mais se estiver quase vazio. As ondas sonoras viajam por vários segundos e permanecem no ambiente por mais tempo que o desejado. Existe um excesso de graves e uma reverberação excessiva. Só conseguimos escutar com definição quando estamos muito proximos da fonte sonora, caso contrário a influência do ambiente imprime fortemente a sua característica.
- Volume da guitarra: Alto na tentativa de compensar a pouca definição. O movimento exagerado do alto falante acaba gerando mais frequências graves e embolando ainda mais o som.
- Interação com outras fontes sonoras: É uma das situações mais complicadas para um entendimento pleno da mixagem. Geralmente quando conseguimos escutar o suficiente para poder tocar junto já nos sentimos satisfeitos tal qual é a dificuldade para equalizar satisfatoriamente. A impressão é que todos os intrumentos estão sobrecarregados de todas as frequências, tem muito grave, muito agudo. Também é comum confundir as linhas dos instrumentos, principalmente quando estão tocando em uníssono, não é possível separar quem está tocando qual parte.
- Pegada (execução) do guitarrista: pode parecer uma contradição mas muitas vezes nesse tipo de situação a guitarra fica extremamente macia, fácil de tocar. A razão disso é que não temos uma monitoração decente e fiel do sinal do instrumento o que esconde as imperfeições na execução. Com isso tocamos de forma preguiçosa sem o pleno conhecimento da real situação. Algumas bandas quando estão gravando nesse tipo de ambiente ficam decepcionados com o resultado registrado que revela de forma impiedosa o que e de que forma a música foi executada, sem enganos.
- Como soa a guitarra: Embolada e distante. O ataque é suavizado e há perda considerável da definição. Não conseguimos entender direito o fraseado e existe a presença forte de frequências indesejadas como ressonâncias graves e microfonias.
Entendendo os fatores: grande parte dos problemas do guitarrista quando troca o ambiente de execução é entender que cada situação é diferente e é impossível ter um timbre fixo que funcione em todas as locações. Os contextos são muito diferentes, muitas vezes opostos, então cabe ao músico entender as variantes e conseguir se adaptar de forma racional a nova situação.
De forma geral podemos separar os problemas nas seguintes categorias:
1 – Frequências: cada sala ou ambiente tem a sua característica sonora. Existem acústicas excelentes mas são excessão, existem acústicas boas, médias, ruíns e péssimas. A grande maioria infelizmente está na classificação media e ruim. Essa personalidade sonora pode evidenciar ou limitar certas frequências no sinal da guitarra comprometendo o timbre final. Lembrando inclusive que a guitarra recebe complementos dos demais instrumentos da banda, então é preciso tocar junto pra entender o resultado de toda essa relação – guitarra X banda X acústica. Se a guitarra está sendo monitorada ao longo do palco é provavel que esteja soando um pouco diferente em cada caixa. O vazamento do som pela PA (caixas direcionadas para o público) também dão um fundo pro som da guitarra.
A guitarra não soa mais sozinha, é a soma do som que está vindo do amplificador, de cada uma das caixas de retorno e do vazamento da PA. Então para equalizar temos que vivenciar a situação e ir manipulando os controles de tom em busca da resolução dos possíveis problemas.
Duas fontes sonoras são importantíssimas e devem ter controle redobrado:
- O som que vem do amplificador da guitarra que fornece o principal retorno pro guitarrista. É a matriz sonora que é microfonada para envio pro PA e para os monitores de retorno dos demais músicos. Se o timbre estiver ruím, aqui é o ponto de partida em busca de uma solução.
- O som que vem da PA, que entrega para a plateia o resultado final e definitivo do som da guitarra. Verifique como o sinal está chegando, se a equalização e a quantidade de efeitos como compressão e reverb estão numa proporção adequada. Existe vazamento do som do palco para a frente? Esse vazamento compromete ou ajuda? Afinal aqui é onde acontece a projeção do seu som, onde você será apreciado, entendido.
2 – Reverberação: A proporção é fácil de ser entendida. Uma sala como muita reverberação deve ser compensada com corte do efeito de reverb na guitarra. Um ambiente muito seco como um palco externo ao ar livre deve ser compensado com um bom aumento do efeito de reverb na guitarra. O que deve ser avaliado é o resultado final e na dúvida sempre use menos do que achar. É melhor estar um pouco mais na frente do que perdido no fundo, embolado pela ambiência excessiva.
Salas com ambiência escura (reforço de graves e carência de agudos) podem ser compensadas com uma equalização e reverb mais abertos. Salas com ambiência clara (muito medio-agudos e agudos) podem ser compensadas com uma equalização e reverb fechados.
Se quiser adicionar um reverb mais pronunciado controle os parâmetros para ter um decay menor (tempo que o efeito leva para desaparecer), ou use um gate reverb que corta o efeito depois de um determinado tempo. Isso evita que seja criado um fundo denso que embole com os demais instrumentos.
3 – Sustain: É provavelmente o fator que mais influencia na performance e desempenho do guitarrista. Afeta fortemente o timbre e é resultado da soma de muitos fatores como a equalização, a reverberação natural ou artificial, a acústica, a manutenção e qualidade do equipamento, a disposição espacial do guitarrista e a execução. Vamos por partes, primeiro vamos entender o que é sustain.
Sound Envelope (Envelope Sonoro): O som se propaga pelo ambiente ao longo de um determinado tempo e seus estágios durante esse período podem ser separados em 4 categorias: Attack, Decay, Sustain e Release.
1 – Attack (Ataque) – vai do primeiro momento em que a nota é articulada (começa a soar) até o seu volume máximo.
2 – Decay (Decaimento) – É o período entre o pico máximo (onde o ataque termina) até o volume que será sustentado (sustain).
3 – Sustain (Sustentação) – É o volume em que a nota permanece até deixar de ser tocada.
4 – Release (Relaxamento) – É o período desde que a nota deixou de ser tocada até o volume zero.
Observe os desenhos abaixo…
FIGURA 1:
Attack – É rápido com bastante intensidade. Um ataque desse tipo é fácil de ser escutado, notamos claramente quando a nota começa a soar.
Decay – Logo o volume do som decresce ajudando a salientar o pico de ataque.
Sustain – Tem um corpo denso e longo. O volume cai muito pouco ao longo do tempo.
Release – A nota some rapidamente depois que deixa de ser tocada.
FIGURA 2:
Tem a estrutura parecida com o primeiro diagrama, a diferença está na intensidade sonora que é mais baixa.
FIGURA 3:
Attack – É mais lento, então conseguimos perceber o fade in inicial. Nesse caso fica mais difícil distinguir o momento exato em que o som começa pois o seu ataque é mais gradual.
Decay – É rápido, assim que o som chega ao seu volume máximo logo é sustentado.
Sustain – Tem corpo mas não é tão longo, tem uma boa manutenção do volume.
Release – Curto.
FIGURA 4:
Perceba nessa figura que o sustain é muito parecido com o release, ou seja, após a nota deixar de ser tocada o som permanece por um tempo, sumindo lentamente. Esse tipo de característica pode ser evidenciado com efeitos como o reverb e delay.
FIGURA 5:
Attack – Lento e gradual, é difícil perceber claramente onde o som começa.
Decay – Rápido, logo muda para a sustentação da nota.
Sustain – Tem o volume muito parecido com o pico do ataque. A sensação que temos escutando um som com essas propriedades é que o volume cresce até um pico maximo e se mantém nessa intensidade até a nota deixar de ser tocada.
Release – Tem duração media, conseguimos perceber um fade out do som.
FIGURA 6:
Nesse som temos um equilíbrio entre os estágios e a passagem de um para o outro é suave e gradual. A nota demora para começar a soar, cresce até um pico maximo e lentamente vai sumindo.
FIGURA 7:
Aqui o ataque é rápido e intenso, conseguimos perceber claramente o início do som pois tem a marcação forte. Sua sustentação também é considerável apesar de ter menos da metade do volume do ataque.
FIGURA 8:
Também é um som de ataque rápido e intenso, mas com pouca sustentação. Note como o decay perde volume rápido. O release é muito curto, então o som deixa de existir logo após a liberação da nota.
FIGURA 9:
Parecido com o diagrama anterior mas com muito pouco sustain. Perceba a diferença de volume entre o início e o final do sustain, ele cai rapidamente. O release é quase inexistente.
Fatores que alteram as propriedades do som: Cada um desses estágios pode ser influenciado e modificado por uma série de fatores…
Attack – está diretamente relacionado com o tipo de instrumento e com a forma que está sendo executado. Instrumentos como a guitarra, violão, baixo, piano, percussão, possuem geralmente um ataque rápido, ou seja, começamos a ouvir a nota logo após a sua articulação. Instrumentos de sopro e de cordas (violino, viola, violoncelo, contrabaixo acústico) tem um ataque mais lento.
A execução contribui fortemente para a definição do attack. Um guitarrista pode palhetar a corda diretamente, o que resulta num ataque rápido, ou palhetar com o volume zerado e daí fazer um fade in (volume swell), o que resulta num ataque lento. Um violinista pode articular o arco bruscamente nas cordas resultando num ataque rápido ou passar o arco lentamente resultando num ataque lento. Um saxofonista pode golpear o ar bruscamente ou ir aos poucos aumentando a sua quantidade e força.
Agora os instrumentos percussivos, entre eles inclusive o piano, sempre terão um ataque rápido devido a característica do proprio instrumento.
Decay – de forma geral os sons com ataque pronunciado terão um decay definido pois existirá diferença de volume entre o ataque e a sustentação da nota. Os sons com ataque lento tem a tendência de reduzir o decay pois o volume de sustentação da nota será muito proximo ao volume do ataque.
Os instrumentos de percussão costumam ter um decay acentuado pois o volume do ataque é bem maior que o volume de sustentação da nota.
Sustain – depende da quantidade de energia X tempo fornecida ao som. Um violinista poderá continuar a passar o arco na corda por tempo indeterminado, isso aumenta consideravelmente a sustentação da nota. Um guitarrista poderá usar artifícios como o feedback (realimentação do sinal pelo amplificador), captadores de sustentação e efeitos como o ebow, ou mesmo delay e reverb, fazendo a nota sustentar pelo tempo desejado. Para instrumentos de sopro o limite é a quantidade de ar que conseguem bombear.
Agora existem outros fatores como a acústica do ambiente e o seu posicionamento, manutenção e qualidade do equipamento, limpeza na execução, quantidade de efeitos, interação com outros sons, que podem contribuir numa forma destrutiva reduzindo a sustentação.
Release – também é influenciado pela execução. Instrumentos de ataque rápido quando liberam a nota de forma brusca geram releases curtos. Notas que soam por longo período de tempo tendem a confundir o release com o decrescimento do sustain.
Agora observe as figuras abaixo:
É um exemplo típico do som de uma guitarra com pouco sustain. Vemos um ataque rápido e definido e uma queda imediata no volume da nota. A curva de decay é parecida com a queda da sustentação e o release é extremamente curto. Existem “gaps” (brechas, buracos) entre uma nota e outra, fazendo o fraseado soar engasgado e sem vida.
Na figura acima temos um exemplo de sustain equilibrado. O ataque da nota é rápido, existe um decay não muito exagerado, a sustentação tem bastante volume que se mantém ao longo do tempo, a queda é pequena. O release é pronunciado sem exageiros e se sobrepõe a proxima nota.
E na figura acima temos uma situação inversa, onde o sustain e release duram mais do que deveriam se sobrepondo fortemente nas notas seguintes, dificultando o entendimento do fraseado e impossibilitando uma boa definição das notas.
O que fazer?
1 – Entender que cada situação é diferente: então crie mecanismos onde você consegue alterar os parâmetros da guitarra de forma dinâmica e simples.
Mude os presets dos efeitos como quantidade de distorção, volume do delay e reverb, equalizador, compressor, etc…, buscando compatibilidade com a sua referência de som ideal.
Distorção: o aumento da distorção entrega mais sustain mas tira definição, aumenta a compressão da nota e reduz o leque de frequências. Então ache um ponto medio onde as notas serão sustentadas sem o comprometimento do timbre.
Delay: Para aumentar a sustain com o delay use valores muito curtos de tempo (time), com 2 ou 3 repetições (feedback curto) e volume (mix) em torno de 50% do sinal original. Dessa forma o eco não é percebido mas a nota ganha sustentação.
Reverb: controle o reverb de acordo com o ambiente, procure compensar o que a acústica não estiver entregando, sempre de forma natural. A reverberação é nossa interpretação do tamanho da sala, se essa já for media ou grande você não precisa de redundância artificial. Procure não levar a guitarra longe do seu contexto, numa sala pequena não exagere no reverb.
Compressor: quando elevado aumenta a sustentação mas reduz drasticamente o leque de dinâmica. A guitarra normalmente recebe compressão quando é enviada ao PA, então só use na sua cadeia de efeitos quando for essencial para execução de alguma técnica como two handed tapping ou similar.
Noise Gate: faz cortes em frequências definidas e em sinais de baixo volume. Tende a reduzir bastante o sustain, então só use se for vital para o estilo de música que está tocando.
Amplificador: seja compatível com o ambiente. Locais pequenos requerem amplificadores pequenos, locais grandes amplificadores grandes. Para que as válvulas e o alto falante trabalhem bem precisam funcionar proximos do seu limite, então use a saturação natural da amplificação. Caixas com 4 falantes não funcionam bem em ambientes reduzidos pois geram muitas frequências graves e ressonâncias indesejadas. Por sua vez combos pequenos em ambientes abertos precisam ser microfonados e a monitoração compensada em caixas ao longo do palco.
Lembre que o som se propaga partindo do alto falante em linha reta e de forma cônica, ampliando o raio da sua propagação com o aumento da distância. Então se a caixa estiver muito proxima do guitarrista mas não na sua altura (no chão, por exemplo), sua monitoração será difícil.
Muitos guitarristas não gostam do som da guitarra quando ficam posicionados diretamente na linha de emissão do som, então busque um ponto doce nas extremidades do cone sonoro, onde consiga uma boa realimentação do amplificador sem exageiros, que seja possível se escutar com definição e monitorar os outros instrumentos.
Um bom sustain é quando tocamos uma nota e ela pode ser sustentada indefinitivamente, mas quando deixamos de tocá-la ela para imediatamente de soar.
2 – Sempre faça a manutenção do equipamento: trocando periodicamente a parte elétrica, removendo sujeira, usando cordas e válvulas novas. Tenha seu instrumento regulado, braço e escalas planas, cordas nem muito baixas nem muito altas, captadores não muito proximos das cordas, sem tratejamentos e com as oitavas afinadas.
3 – Compre e use equipamento de qualidade: guitarras com construção impecável e madeiras nobres, cabos blindados com bitolas em ouro 18-24k, amplificadores valvulados com válvulas casadas, fontes de energia de qualidade e aterrados, cabos de força decentes.
Madeiras: As madeiras mais densas formando um corpo de bloco único tendem a sustentar mais o som do que madeiras muito leves em corpos construídos de 2 ou mais pedaços colados. As guitarras mais antigas possuem madeiras secas e estáveis. Os poros foram ao longo do processo de secagem ganhando pequenas curvaturas, resposta a vibração das notas musicais, que ajudam a projetar o som. Por isso são tão valiosas, principalmente se foram bastante usadas.
Cabos: os cabos blindados evitam a interferência de ondas externas e comprometimento do sinal. As ligas metálicas nobres carregam as frequências com alta fidelidade e evitam a formação de ferrugem. Um cabo bem construído mantém a sua integridade com revestimento protetor e resistente e conexões sólidas com soldagens bem feitas.
Pedais: os efeitos com true bypass evitam a perda do sinal, principalmente quando não estão sendo utilizados, criando um fluxo do sinal através do pedal de forma limpa e direta, sem interferência.
Cordas: Encordoamentos mais pesados tendem a responder de forma mais uniforme e encorpada, com um leque mais cheio de frequências. Precisam de mais energia para soar, então por consequência terão mais inércia e soarão por mais tempo. Busque timbre e sustentação sem comprometer a tocabilidade, ache um equilíbrio entre calibre de corda e técnica. Com afinações mais baixas você poderá usar encordoamentos cada vez mais pesados.
A tensão final também influencia na sustentação da nota, quando operadas nos limites comprometem demais a duração da nota. Evite afinações muito baixas com encordoamentos leves (tensão muito baixa, cordas soltas) ou afinações muito altas com encordoamentos pesados (tensão muito alta, cordas muito apertadas).
Opte por marcas de cordas consolidadas no mercado e sempre novas, troque periodicamente. Cordas enferrujadas desgastam os trastes rapidamente, não afinam, soam fechadas e sustentam muito pouco.
Captadores: quando parafusados diretamente no corpo da guitarra tendem a sustentar melhor, mas claro, isso dependerá da qualidade e tipo de madeira do corpo. Captadores são essencialmente ímas rebobinados, então quando mais forte for o campo eletromagnético, mas difícil será a vibração livre da corda. Quando estão posicionados muito proximos das cordas inibem a vibração da mesma reduzindo o sustain.
Como as frequências agudas tendem a ter um decaimento mais rápido do que as graves é comum posicionar o captador da ponte um pouco mais proximo das cordas do que o captador do braço.
Ponte e capotraste: São os pontos de fixação da corda, então precisam ser construídos com material estável para permitir uma vibração uniforme da corda. O capotraste funciona como um distribuidor de tensão entre 2 pontos, entre ele e a ponte e entre ele e as tarraxas. Se as fendas de passagem de corda não tiverem a mesma espessura da corda ou não forem homogêneas distribuirão a tensão de forma desiquilibrada impedindo um bom movimento da corda.
Pontes fixas de forma geral são inteiramente apoiadas no corpo da guitarra, por isso facilitam a sustentação das notas, ao contrário do sistema tipo Floyd Rose que está conectado apenas por 2 parafusos, um em cada extremidade.
Amplificador: quando são de qualidade com falantes e válvulas em bom estado, convertem boa parte da energia elétrica em som e conseguem reproduzir grande parte da gama de frequências sonoras do instrumento. Esse tipo de fidelidade gera um sinal final mais complexo e rico em harmônicos, com densidade de graves e brilho. As válvulas, diferente dos transistores, tem a característica natural de evidenciar os harmônicos pares, que são na maioria oitavas da tônica. Dessa forma as notas ganham limpeza e força e são menos suscetíveis as influências de frequências destrutivas.
4 – Aprimore a técnica: procure tocar de forma limpa, mutando as notas que não estão sendo usadas, evitando que cordas soltas soem e toque com precisão.
5 – Use somente o necessário para a formação plena do sinal sonoro: cabos longos demais, pedais que não estão sendo utilizados, desvios no caminho do sinal da guitarra, tudo isso vai aos poucos enfraquecendo o som do instrumento. A cada estágio o sinal vai se perdendo e ruídos e frequências indesejadas vão sendo acrescentadas. A melhor conexão é a direta, guitarra->cabo->amplificador. Qualquer acrescimo dentro da cadeia deverá ser feito por necessidade vital, tem que vir para complementar o sinal formado e não como opção ocasional.
6 – Se adapte com a experiência: toque em lugares diferentes, teste situações opostas, enfrente desafios de forma ativa, buscando um resultado final satisfatório e pleno. Não aceite a situação com conformismo, pode-se fazer muito com pequenas mudanças. Lembre que o timbre começa acima de tudo na mão do proprio guitarrista, então domine o equipamento e a situação, não seja passivo em achar que quem faz música são os artefatos do caminhos do sinal.
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