Desenvolvimento da Melodia
Esse texto será publicado em pequenas partes e aos poucos. Dessa forma pretendo estimular o debate sobre cada um dos tópicos fortalecendo a assimilação do conteúdo. Para participar da discussão por favor acesse os links abaixo que abrirão os posts referentes no grupo do Facebook – “Dúvidas de Guitarra e Violão”.
Desenvolvimento da Melodia
Introdução: Sem dúvida um dos aspectos mais marcantes de uma música é a sua melodia. Ela define o início, o desenvolvimento e a conclusão da inspiração, cria o vínculo com o ouvinte e faz a obra perpetuar. É o conjunto de idéias em que a música se apoia trazendo a lógica da sua construção para o palpável.
Um dos grandes enigmas para o guitarrista que está começando a tocar é saber como transformar tudo que tem estudado, seja escalas, acordes ou arpejos, em música. E como fazer soar natural, como se transpirasse livremente através do livre processo de criação, seja no tema ou na improvisação.
Nessa aula vamos entender quais são as logicas que criam os vínculos entre as idéias, vamos desenvolver um pequeno motivo e estruturar a melodia.
Pergunta 1: Como improvisar e fazer soar natural?
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Motivo: Nas primeiras tentativas, quando nos aventuramos a improvisar ou mesmo criar de forma sistemática, nos deparamos com a recorrente falta de idéias. Parece quase impossível criar uma melodia inteira ou um improviso que seja coerente no seu todo, que tenha início, meio e fim. A principal razão disso é que estamos, nesse estágio, tentando criar uma sequência de idéias inéditas ao invés de desenvolver os pequenos fragmentos que já foram compostos. Daí o insucesso é inevitável, pois os limites da criação espontânea logo aparecem.
Um solo precisa de um motivo, uma desculpa para existir, e depois disso o resto é desenvolvimento e conclusão. Enquanto esse pequeno fragmento chamado motivo requer nossa inspiração, o restante pode ser criado de forma lógica e moldado de forma intuitiva.
Agora, o que exatamente pode vir a ser o motivo? É qualquer idéia, por menor que seja. Pode ser…
- um agrupamento em sucessão das notas de uma escala.
- um arpejo.
- uma célula rítmica ou uma frase rítmica.
- a mistura disso tudo.
Normalmente é uma melodia de 1 ou 2 compassos, mas pode ser menor, ter apenas 3 notas, 2 ou até mesmo uma única nota.
Pergunta 2: Como criar um motivo musical?
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Frase: Faço uma analogia comparativa com a linguagem escrita ou falada. Uma frase é a exposição de uma idéia completa, que tem um ponto final. Não explica a história por inteiro mas fornece com exatidão um pedaço do contexto.
Em música o termo frase é empregado da mesma forma. É um pedaço da melodia que contém uma idéia completa, que pode funcionar por si só.
Vou usar como exemplo a música “Parabéns Pra Você”, que acredito todos devam conhecer, ou pelo menos já escutaram para cada ano de suas vidas.
- Primeira frase – “Parabéns pra você” – Pense no texto da mesma forma que pensa na melodia do trecho. Aqui a frase expõe uma idéia completa, a música se refere a parabenizar uma pessoa, você.
- Segunda frase – “Nesta data querida” – É quando definimos o contexto temporal em que está sendo aplicado o parabéns, faz referência direta a data de aniversário.
- Terceira frase – “Muitas felicidades” – Outra idéia atribuindo ao parabéns uma idéia de felicidade contínua.
- Quarta frase – “Muitos anos de vida” – Um novo desejo de entregar uma vida próspera e longa, conclui o texto.
Se tocarmos apenas uma das frases acima, a idéia entregue funciona, pois as frases são independentes. Mas ao colocá-las em sequência, dentro da ordem correta, a idéia cresce, pois conseguimos notar, mesmo de forma inconsciente, o vínculo entre as frases. O desenvolvimento da idéia geral criando uma melodia em seu todo.
Pergunta 3: De que forma você desenvolve o motivo para criar uma frase completa?
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Melodia: Vai ser um conjunto de frases vinculadas e entrelaçadas, é o desenvolvimento de um motivo, um tema, uma razão, cria um ápice e resolve, conclui o fluxo das idéias. É independente e pode viver sem se relacionar com a harmonia. É um capitulo da história.
Música: É o agrupamento de diferentes melodias divididas em partes, tem estrutura. É o todo, é o casamento do rítmo com os acordes, com as notas da melodia, com o timbre, interpretação, é a história completa. Vai do “Era uma vez” até o “Fim” (ou “Viveram felizes para sempre”).
Pergunta 4: Pode existir música sem melodia?
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Pergunta 5: O que uma música precisa para existir? Quais são os elementos responsáveis para viabilizar o seu surgimento?
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Vamos por partes…
1 – Objetivo
É o ponto inicial que determina como a música irá surgir. É determinante para a existência da composição, que impõe e traça as nossas escolhas melódicas, rítmicas e harmônicas. Tudo depende do objetivo e saber definí-lo com exatidão é fundamental para um processo controlado de composição.
Música é usada com muitas finalidades, pode ser para entretenimento, como trilha de filme inserindo a plateia na trama da história, como efeito sonoro, como ritual de passagem e muitas outras aplicações. Uma música bem escrita é aquela que faz jus ao seu objetivo, que tem uma função bem estabelecida e delineada e que transparece a sua essência.
Vou dar um exemplo citando um clássico do cinema, a trilha sonora de “Tubarão” do Steven Spielberg. Na montagem do filme existia um problema de logistíca enorme, como criar um filme de suspense onde o vilão é um tubarão, escondido nas águas fundas e escuras de uma praia? Como criar a sensação de que o tubarão está se aproximando das pessoas e que o perigo é iminente? Como esconder a fisionomia do predador para revelá-la somente no ápice do filme?
Foi dentro dessas restrições que a genialidade do compositor John Williams brotou. Usou a música para ilustrar, quase num efeito hipnotico provocado pela simplicidade rítmica e pelo ping-pong entre duas notas, distantes apenas meio tom uma da outra. Dessa forma criou a sensação da aproximação do tubarão sem que qualquer imagem do animal fosse usada. Isso é um exemplo de música que condiz perfeitamente ao seu objetivo. Provavelmente se fosse usada em outro contexto não geraria o mesmo tipo de resultado.
Usando essa mesma lógica temos músicas que são feitas para dançar, músicas que são feitas para emocionar e músicas feitas para relaxar. Funcionam se encaixarem no objetivo em que foram impostas. Não precisa ser bonita ou ser feia, ser emotiva ou rude, ser tonal ou atonal, ser rápida ou lenta, tem que funcionar para o que é proposto.
Claro, o uso musical transcende fronteiras e muitas músicas podem ser reproduzidas em diferentes contextos. Podem ser usadas para diferentes objetivos, mas a partir do ponto em que foram escolhidas existirão dentro de uma situação dinâmica, imprimirão uma mensagem.
Pergunta 6: Quais exemplos de música que só funcionam porque combinam com o objetivo do qual foram designadas?
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